Reforma Tributária 2023: Entenda os maiores desafios das propostas em discussão

O Valor Econômico está publicando reportagens especiais para debater a reforma tributária. Nesta sexta-feira (24/3) o jornal trouxe uma análise sobre os maiores desafios das propostas que estão em discussão neste momento. Para tratar do tema, o Valor entrevistou o Dr. Eduardo Maneira, sócio do Maneira Advogados.

Reforma Tributária 2023: Entenda os maiores desafios das propostas em discussão

24 de março, 2023

Debatida há mais de 25 anos, a Reforma Tributária está entre as prioridades do Congresso Nacional e do governo federal

Por Adriana Aguiar — São Paulo

(Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Na abertura do ano Legislativo, em fevereiro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, pediram a reforma tributária em suas mensagens. Assim como o presidente da Câmara, Arthur Lira, e outros deputados e senadores.

Hoje estão na pauta do Congresso duas Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que tratam da reforma tributária: a PEC 45, considerada mais técnica, e a PEC 110, considerada mais política.

As duas pretendem substituir o PIS, a Cofins, o ICMS, o ISS e o IPI por um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) único ou dual, que leve a tributação somente sobre o consumo. O IVA hoje em dia é adotado em mais de 170 países. Esse imposto sobre consumo chamaria Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e seria de cerca de 25% do valor do produto ou do serviço prestado e deve ser direcionado à cidade e Estado onde o produto foi consumido ou o serviço foi prestado. Ele não incide sobre investimentos e exportações.

As duas propostas também criam um Imposto Seletivo (IS) para desestimular o consumo de produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. E ambas permitem um programa de devolução de impostos para a família de baixa renda, ao consumirem (seria uma espécie de cashback). Os dois projetos também mantêm o Simples para empresas de pequeno porte.

Porém, há alguns desafios pela frente para que essa aprovação realmente aconteça. O Valor ouviu professores de Direito Tributário sobre quais seriam as maiores dificuldades no momento.

Resistência dos municípios

professor associado de Direito Tributário da UFRJ, Eduardo Maneira, sócio do Maneira Advogados, ressaltou como maior desafio a resistência de municípios, principalmente os maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo ele, dos cerca de 5,5 mil municípios existentes no País, 200 são contra. “O município grande acha que vai perder arrecadação com o fim do ISS, já o pequeno é a favor porque acredita que vai ganhar mais com o IBS [que soma o ICMS, ISS, PIS Cofins e IPI]”.

O setor de serviços também tem resistência aos projetos, de acordo com Maneira. Isso porque hoje incide o ISS na prestação do serviço, sob alíquota em geral de 5%, a depender do município. Com o IBS, passariam a ser tributados em 25%.

Contudo, segundo Maneira, os prestadores de serviço para empresas terão créditos a 25%. Mas no caso de quem presta para pessoa física, a pessoa não tem o que fazer com esse crédito. “Temos que pensar também que no mundo todo a prestação de serviços é cara e que pode ter um aumento aqui também. Mas a implantação disso por sí só será um desafio”, diz .No caso das pequenas empresas, contudo, elas poderão se manter no Simples e não ter aumento de tributação.

Guerra de narrativas

Já na opinião do professor da pós-graduação em Direito Tributário da Escola de Direito de São Paulo (GVlaw), Carlos Eduardo Navarro, sócio do Galvão Villani, Navarro, Zangiácomo e Bardella Advogados, o maior desafio é a comunicação para transmitir a realidade às pessoas, o que de fato vai mudar. “Existe uma guerra de discursos e narrativas e é preciso quebrar certas resistências para que a reforma seja de fato aprovada”, diz.

Como exemplo, ele cita o agronegócio, que tem certa resistência ao projeto, segundo ele, muitas vezes por falta de informação. Para Navarro, a situação pode ficar melhor após a reforma, caso venha a ser aprovada, para o agronegócio exportador. Isso porque esse setor tem vários impostos acumulados desde o ISS pago ao despachante, como ICMS na compra de impressoras, IPI na compra de maquinários que vêm do exterior, como a folha de pagamentos, que não dão créditos. “Com a reforma , conseguiria recuperar esses créditos. Hoje qualquer exportador tem muito resíduo tributário”, diz.

Também tem o desafio de que pode gerar aumento de tributos dos produtos da cesta básica, mas na opinião dele, isso poderia ser compensado com a devolução de créditos (o chamado cashback) para os mais pobres. Ainda existe a dificuldade sobre o que fazer com a Zona Franca de Manaus, que hoje tem benefícios fiscais próprios.

Além disso, Navarro destaca que ainda há o risco de que os projetos se desfigurem ao tramitar no Congreso. “Nós sempre sabemos como o projeto entra, mas não sabemos como o projeto sai. Se todo o setor for fazer lobby, se todos forem contemplados, pode ser que a reforma piore o sistema, que não vai funcionar como poderia ”, diz.

De acordo com o diretor do CCiF, que elaborou a PEC 45, e professor da FGV Direito SP, onde também é coordenador do Núcleo de Estudos Fiscais (NEF), Eurico Santi, como a reforma tributária mexe muito com os poderes e acaba sendo muito politizada no Congresso, o maior desafio seria principalmente a resistência de setores que tem incentivos fiscais e baixa carga tributária, como a Zona Franca de Manaus, o agronegócio, que é fortemente subsidiado pelo Estado e o setor de serviços que tradicionalmente é pouco tributado no Brasil. Além dos grandes municípios, que também apresentam resistência.

https://valor.globo.com/reforma-tributaria/noticia/2023/03/24/reforma-tributaria-2023-entenda-os-maiores-desafios-das-propostas-em-discussao.ghtml

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